ac24horas – Há exatos dois anos, quando o senhor assumiu a
prefeitura, como se encontrava o município naquele momento?
Babary – Estava completamente abandonado. Recebemos uma
herança maldita, ou seja, uma administração totalmente endividada. Eram mais de
R$ 7 milhões com o INSS, cerca de R$ 2,8 milhões com a Eletroacre e quase R$
400 mil em precatórios, além de nove de 13 itens que deixaram a prefeitura em
situação de inadimplência. Havia, também, dívidas trabalhistas, com prestadores
de serviço e fornecedores. Sem contar que a cidade parecia que havia sido
bombardeada. O mato está por toda parte e o lixo não era recolhido
adequadamente. Era uma situação muito grave e a população, que estava com a
estima lá embaixo, não acreditava que um gestor público pudesse resolver aquela
situação.
ac24horas – E o senhor resolveu?
Babary – Essa pergunta pode ser respondida pela
população. Mas farei alguns esclarecimentos: negociamos e parcelamos as
dívidas, pagando-as rigorosamente todo mês. Os precatórios foram quitados em um
ano, o mesmo acontecendo com todas as ações trabalhistas. Também foram pagos
todos os fornecedores e prestadores de serviço. Tudo isso só foi possível por
causa do planejamento, da organização e respeito ao dinheiro público, além da
colaboração dos vereadores e da minha equipe de trabalho.
ac24horas – “Arrumada a casa”, o senhor começou uma
peregrinação pelos ministérios e gabinetes em Brasília?
Babary – Antes disso foi preciso tomar algumas medidas
antipáticas, mas que eram necessárias para a reestruturação do município.
Porém, já havíamos conclamado os vereadores, comerciantes e a população em
geral para nos apoiar. Foram momentos difíceis que estão, agora, totalmente
superados. As idas e vindas à Brasília eram para alocar emendas e firmar
convênios com os ministérios. Para isso, sempre tive o apoio do meu partido, o
PMDB, em especial da equipe da prefeitura de Cruzeiro do Sul, além, é claro, da
Amac.
ac24horas – O senhor não faz nenhuma acepção de pessoas ou
partidos quando o assunto é interesse do município. Por quê?
Babary – Isso são relações institucionais, isto é, nada
têm a ver como relações partidárias. Infelizmente alguns políticos e gestores
são politiqueiros, o que acaba prejudicando a população. Quem me acompanha sabe
que sequer penso em reeleição, mesmo porque a atividade política não é um meio
de vida para mim. Não sou íntegro, melhor deixar esse rótulo para Jesus Cristo,
porém tento fazer as coisas corretas.
ac24horas – Em meio à atual crise da classe política, é
possível fazer uma administração ética?
Babary – Não só é possível como é necessário. Tive uma
boa formação familiar, graças a Deus, firmei valores e princípios cristãos que
formaram o meu caráter. Quanto à necessidade de se fazer uma gestão ética, é só
vê como está a situação da maioria das prefeituras Brasil afora. As legislações
e os órgãos de controle estão mais rígidos. O resultado da tentativa de
corrupção e desmandos já conhecemos: prisões e inelegibilidades.
ac24horas – Quais foram as principais realizações da sua
administração?
Babary – O município está sendo reconstruído. Os
serviços essenciais funcionam integralmente; foram adquiridos máquinas e
equipamentos; a piscicultura e água potável chegaram às comunidades; foram
construídas 10 escolas, algumas delas dotadas com equipamentos de informática e
ambiente climatizado; foi realizado o Festival do Milho; a entrega de casas
populares; e a cidade foi transformada num canteiro de obras. Mas eu costumo
dizer que a maior, mas a maior mesmo de todas as realizações, foi tirar o
município da inadimplência, do Serasa como costumo dizer.
ac24horas – Um renomado instituto fez uma pesquisa na qual
uma das perguntas era assim: o que é política? Nove de cada 10 entrevistados
disseram que era ‘coisa de bandido’. Como o senhor interpreta isso, levando em
consideração as recentes manifestações de ruas?
Barbary – Estamos vivendo uma crise de
representatividade na classe política e em algumas instituições. A política é
intrínseca ao ser humano. É a principal ação desde os gregos. A política surge
da necessidade de dialogar e de equacionar interesses. Para participar da
política é preciso ter grandeza, espírito público e causas para defender na
sociedade. É uma arte e vocação feitas para grandes homens. É uma atividade
nobre para expor e debater ideias. A imensa maioria dos políticos não defende a
coletividade. Estão lá com outros propósitos. Daí a frustração e indignação das
pessoas.
ac24horas – É possível reverter esse quadro?
Barbary – Não tenho dúvidas. Precisamos criar uma nova
cultura política, alicerçada em princípios e valores cristãos, além da
solidariedade e justiça social. Eu refleti muito antes de entrar na política,
pois muitas pessoas dizem que é coisa para pessoas sem caráter e pudor. Temos
que mudar a opinião dessas pessoas. Se pessoas sérias e comprometidas não escolherem
o caminho da política, deixaremos as portas abertas para os mal-intencionados.
Acredito que Porto Walter pode se tornar um lugar melhor. Assim, não tenho
dúvidas que podemos mudar esse cenário de descrédito.
ac24horas – O senhor defende uma reforma politica?
Barbary – Defendo uma urgente reforma política. É
inegável a necessidade de modificarmos o cenário político do Brasil, com mais
transparência e moralidade nos processos eleitorais e de governo. Atravessamos
hoje uma crise representativa global que se manifesta mais visivelmente entre
os jovens. Os parlamentares no Brasil precisam entender que estão perdendo os
canais democráticos de representação política. A população não compreende a
atuação dos poderes estabelecidos. Existem disputas e, muitas vezes,
atrelamentos partidários entre o Legislativo, Executivo e Judiciário. A reforma
política deve permitir à sociedade participar de forma efetiva dos destinos do
país.
ac24horas – O senhor agradece muito. Por quê?
Barbary – Por causa da generosidade do povo
portowaltense. Esses agradecimentos também se estendem voluntários que fizeram
parte dessa união por um município de oportunidades. Estou com o coração
transbordando de vontade de mudar o que está aí. Dedico-me de corpo e alma
neste projeto, defendendo os interesses do nosso povo. Por fim, agradeço ainda
a minha família e tantos amigos que estão me apoiando nesse desafio.
Fonte, ac24horas.
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